‘Personalidade agressiva que abala a tranquilidade social’: assim foi descrito Rafael Rocha de Moraes pelo Ministério Público Estadual. Ele é autor do assassinato de Rebeca França Antônio, de 20 anos, morta a facadas em sua quitinete em São Gabriel do Oeste, a 133 quilômetros de Campo Grande.
Segundo o MP, “A segregação provisória do flagrado se faz necessária para impedir que ele interfira na investigação dos fatos e na colheita de provas. Se ele ameaçou uma das testemunhas e intimidou as demais – como se depreende dos respectivos relatos – é evidente que sua soltura tem potencial para prejudicar a persecução penal, de modo que sua segregação provisória se faz necessária para a conveniência da instrução penal.”
“Já que o flagrado progrediu de forma geométrica na escalada criminosa e a sua prisão afigura-se como único meio de interromper a atividade criminosa”, relatou o ministério ao pedir a manutenção da prisão de Rafael.
Nos autos ainda consta o relato de uma testemunha que afirmou ter ouvido gritos, e ao sair flagrou Rafael segurando Rebeca pelos cabelos e com uma faca nas mãos. Ele teria dito à testemunha, “não se meta nisso”. Ainda segundo a testemunha, Rafael continuou xingando a vítima, “sua filha da p*, pensa que estou brincando, fica tirando onda com a minha cara”.
A defesa pediu que Rafael seja recambiado para unidade prisional e mantido em segurança, longe da facção PCC (Primeiro Comando da Capital) – já que estaria sofrendo ameaças da facção criminosa. A prisão preventiva foi decretada nessa quinta-feira (8) pela juíza de direito Samantha Ferreira.
‘Ela me desafiou, me ofendeu’
Rafael se apresentou na delegacia junto de sua mãe, já que ficou sabendo que a polícia estava a sua caça. Na delegacia, ele contou que passou a noite bebendo e fazendo uso de cocaína em uma tabacaria, onde a vítima estava.
Ainda segundo o autor, na manhã de quarta (7), ele passou a receber mensagens de Rebeca e os dois passaram a discutir. Rafael disse que foi ofendido e desafiado pela jovem a ir à casa dela dizer pessoalmente as ofensas. Ele, então, foi até a residência dela e começaram a discutir novamente.
Rafael disse que foi atacado por Rebeca. Ele teria ido até a casa da vítima armado com uma faca. Quando ela passou a ofendê-lo, Rafael desferiu os golpes contra a vítima que foi atingida nas costas. Ele ainda contou que na quitinete estavam duas amigas de Rebeca, mas que, quando chegou, elas correram e não presenciaram o crime.
Briga pela guarda dos filhos
O casal esteve junto por 6 anos entre idas e vindas e estava separado há um mês, mesmo assim ele dormia às vezes na casa, porém, há menos de dez dias iniciaram uma discussão pelos filhos. Segundo explicou ao Jornal Midiamax o delegado Fábio Magalhães, no dia 29 de agosto Rebeca foi indiciada em flagrante por abandono de incapaz, após sair de casa e deixar os filhos sozinhos.
O Conselho Tutelar foi acionado e as crianças ficaram sob cuidados da mãe de Rebeca, porém desde então Rafael contou que era impedido de ver os filhos. “Vinham desde a data brigando por aplicativo de mensagens. Ele dizia: ‘Você perdeu meus filhos’. Os dois eram usuários de drogas e viviam uma vida meio bagunçada”, explicou o delegado.