Mundo – A ordem executiva assinada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe tarifas de até 50% sobre uma extensa lista de produtos brasileiros, traz um alerta claro: se o Brasil reagir com retaliação, as taxas podem subir ainda mais. No documento, Trump afirma que modificará a ordem “em montante correspondente” caso o governo brasileiro responda com medidas contra os Estados Unidos. Na prática, a sobretaxa pode dobrar, elevando ainda mais o custo para exportadores brasileiros colocarem seus produtos no mercado americano. Apesar de ter recuado parcialmente ao adiar o início da cobrança para 6 de agosto e excluir quase 700 produtos da lista inicial de 4 mil, o governo americano manteve a tarifa de 50% sobre itens estratégicos como café, frutas, carne bovina e pescados — setores importantes da pauta de exportações brasileira, que pedem medidas emergenciais do governo federal. Brasil tenta evitar escalada e manter negociação O presidente Lula, após reuniões com ministros e com o Supremo Tribunal Federal (STF), reforçou que o Brasil continuará a negociar, mas sem abrir mão da soberania. A equipe econômica tenta ampliar a lista de isenções, mirando justamente os setores mais afetados. Mesmo com a retirada de 43% dos produtos da lista original de sobretaxa — o que representa cerca de US$ 18 bilhões em exportações — 60% ainda serão atingidos pelas tarifas, caso não haja acordo. A tarifa média efetiva, considerando os produtos que terão 50% de sobretaxa e os que seguem com os 10% já em vigor desde abril, deve ficar em torno de 30%, segundo cálculo da economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria. Setores temem prejuízos e queda de investimentos Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, avalia que a medida inviabiliza a presença da carne bovina brasileira nos EUA: “Não há substituto imediato. O mercado americano é único em especificação e rentabilidade.” Márcio Ferreira, do Conselho de Exportadores de Café do Brasil, ainda vê espaço para negociação: “O café é um ativo estratégico na mesa. Acreditamos que ele ainda possa entrar na lista de exceções.” Além do impacto nas exportações, a taxação pode afetar diretamente regiões produtoras, com queda de renda, demissões e retração de investimentos. A Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio) também se manifestou, dizendo que a medida fragiliza a relação bilateral e prejudica a competitividade das empresas brasileiras. Bolsa reage bem a exceções; Embraer dispara Apesar das ameaças, o mercado reagiu positivamente à exclusão de itens como aeronaves, combustíveis, automóveis, suco de laranja, madeira e alguns tipos de metais. O Ibovespa fechou em alta de 0,95%, impulsionado pelas ações da Embraer (+11%) e da Petrobras (+1%), beneficiadas pelas exceções. Com informações da BNC.
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