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TIROS EM…

Em 2002 o cineasta Michael Moore chocou a todos com o seu documentário Tiros em Columbine , um retrato vívido da fascinação dos americanos por armas de fogo, Michael, narrador e diretor do filme, procura respostas para a origem desta cultura em pequenas cidades dos EUA, entre estas a cidade de Littleton no Colorado, onde fica o colégio Columbine.

Já quase esquecida, a Columbine High School foi palco no dia 20 de abril de 1999 do massacre promovido pelos então alunos Eric Harris e Dylan Klebold, mataram 12 alunos e um professor, ferindo outras 21 pessoas, depois de trocarem tiros com policiais que responderam ao chamado de socorro, a dupla cometeu suicídio na biblioteca da escola.

Apesar dos motivos até hoje serem incertos, os diários pessoais dos autores do crime mostraram que eles desejavam replicar ataque semelhante ocorrido em Oklahoma City, também na década de 90.
O atentado em Columbine chocou a todos não somente pelo número de vítimas mas também pela origem dos autores, dois adolescentes alunos da escola e o nível de preparação para execução do massacre, envolvendo o uso de bombas para afastar os bombeiros, tanques de propano convertidos em bombas colocadas na lanchonete, 99 dispositivos explosivos e outros.

Nestes últimos 21 anos desde o lançamento do filme já foram registrados em média 22 ataques no Brasil, nos oitos meses passados já tivemos nove deles em escolas, em sua maioria no Estado de São Paulo.

Recentemente a mídia reportou o caso da professora morta a facadas por um aluno adolescente em São Paulo e nesta semana santa, mais precisamente no dia 05 de abril, a creche de educação infantil Cantinho do Bom Pastor, de Blumenau, no Vale do Itajaí em Santa Catarina, foi alvo de um ataque no qual um homem de aproximadamente 25 anos pulou o muro do local e com uma machadinha começou a atacar as crianças, as vítimas foram atingidas na região da cabeça, quatro foram mortas e cinco ficaram feridas.

Algo muito errado não está certo conosco, ao que parece o discurso de ódio e os casos ocorridos outrora somente nos EUA e visto em filmes e documentários alcançaram também o dia-a-dia de nossas instituições.

Além de todo o alvoroço criado a respeito, representantes dos governos estaduais e federal acordaram que é necessário ter um plano de contingenciamento para lidar com estas situações.

Na esteira de respostas rápidas um dos planos apresentados vislumbra atribuir responsabilidade aos professores para detectar possíveis ameaças e reportar imediatamente às autoridades outro pretende instituir curso de defesa pessoal para a classe docente.

De se observar que estes ditos planos para tentar conter a violência nas escolas não vislumbram o principal, como poderá um professor que tem em média salas abarrotadas de crianças e adolescentes ficar atento para cada um dos sinais de seus pupilos, muitos deles em estado de vulnerabilidade social, de outro lado como esperar que professoras, sim em sua maioria mulheres ocupam-se do magistério básico e fundamental, na casa dos 50 a 70 anos de idade, como foi o caso da professora morta a facadas em SP, vá dominar as artes de defesa pessoal para si e seus alunos?

Como dito, algo errado não está certo, um dos últimos bastiões de respeito, propagação de ideias, formação de caráter é ainda a escola e está se encontra cada vez mais sob ataque, prédios bonitos não substituem o necessário olhar e cuidado as pessoas, equipes bem treinadas não substituem o cuidado e edução familiar.

Ou nos despertamos urgentemente para esta realidade ou dentro em breve estaremos mais uma vez assistindo nos noticiários “Tiros em…”

Anderson F. Fonseca. Professor de Direito Constitucional. Advogado. Especialista em Comércio Exterior e ZFM.
IG: @anderson.f.fonseca

 

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