Amazonas – Pacientes do Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, localizado na zona leste de Manaus, enfrentam uma realidade de descaso e superlotação enquanto aguardam atendimento. A unidade, que deveria ser uma referência para o estado do Amazonas, tem se mostrado um ambiente de sofrimento, onde pacientes esperam por socorro nos corredores do hospital, muitas vezes sem as condições mínimas de dignidade. Recentemente, a situação de uma idosa de 83 anos ilustrou bem o colapso do sistema de saúde do Amazonas. A mulher, natural de São Paulo de Olivença, no interior do Amazonas, chegou à unidade no dia 25 de novembro em busca de atendimento para uma fratura no colo do fêmur, com expectativa de tratamento e possível cirurgia. No entanto, o que encontrou foi um cenário caótico, em que a paciente ficou internada nos corredores do hospital, sobre uma maca improvisada, em um local de grande circulação, próximo a um banheiro que, segundo relatos, exala um odor insuportável. O desespero da filha da paciente foi registrado em vídeo, onde ela denuncia a falta de recursos essenciais para o cuidado dos pacientes. Segundo o relato, a unidade carece até de medicamentos básicos, como dipirona, e itens simples como copos descartáveis para o consumo de água. A mulher também pede que sua mãe, assim como os outros pacientes no local, sejam atendidos com mais dignidade e que a situação de calamidade seja resolvida. A denúncia foi corroborada por Denison Vilar, representante do movimento social “Todos Pela Saúde” e integrante do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Vilar esteve no Platão Araújo para constatar a gravidade da situação e registrou outras cenas de superlotação em diferentes corredores da unidade. Ele criticou duramente a infraestrutura do hospital e a gestão da saúde no estado, destacando o descaso e a falta de recursos para o Platão. “É inadmissível que uma unidade hospitalar com tamanha responsabilidade esteja operando desta forma. Para se ter uma ideia, no dia em que o vídeo foi gravado, havia pelo menos cinco macas retiradas do SAMU no hospital devido à falta de leitos e macas na unidade”, relatou Vilar. Apesar da nítida crise na saúde pública do Amazonas, recentemente o Governador Wilson Lima contratou uma Organização Social (OS) de Goiás para administrar os hospitais 28 de Agosto e Dona Lindu por um valor superior a R$ 2 bilhões. Enquanto população sofre nos corredores do Platão e os trabalhadores da saúde enfrentam atrasos nos pagamentos de salários há meses, o Governo do Amazonas optou por contratar essa OS de fora do estado, usando o dinheiro público, ao invés de resolver o caos que, cada vez mais, se propaga.
fonte:cm7