“Precisamos de um modelo econômico que gere crescimento e empregos para a Amazônia Legal, reduza desigualdades e valorize as culturas tradicionais, sem desmatar. É necessário valorizar a bioeconomia e desenvolver a bioindustrialização da Amazônia, mantendo a floresta em pé”. A avaliação é do biólogo Wilsandrei Cellae professor adjunto do Centro de Estudos Superiores de Tefé da Universidade do Estado do Amazonas (Cest/UEA), que participou do VIII Congresso Internacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, organizado pela Universidade Paranaense (Unipar).
O evento, que ocorreu no dia 24 de outubro, reuniu especialistas de países como Paraguai, Portugal e Estados Unidos para debater avanços e desafios globais em ciência, tecnologia e inovação. Durante o congresso, o professor palestrou sobre “Doenças Tropicais Negligenciadas no Bioma Amazônico X Atual Modelo de Desenvolvimento Econômico da Amazônia Legal e Mudanças Climáticas”, e discutiu os desafios enfrentados neste bioma devido ao avanço das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs). Segundo Cella, o atual modelo econômico da Amazônia Legal, aliado às mudanças climáticas, prejudica o controle dessas doenças socialmente determinadas (DSDs), o que exige uma reavaliação das políticas de desenvolvimento regional.
Dados de pesquisa
Na ocasião, Cella também apresentou dados da pesquisa intitulada “Morphometry of the Wings of Anopheles aquasalis in Simulated Scenarios of Climate Change”, que investiga como as mudanças climáticas podem alterar as características morfológicas de insetos vetores. Os resultados indicam que as transformações ambientais estão modificando essas características, o que pode intensificar a disseminação de algumas DSDs transmitidas por vetores e impactar diretamente a epidemiologia da malária em escala global.
A participação do professor no congresso reforça a necessidade urgente de estudos científicos interdisciplinares que explorem a convergência entre desenvolvimento econômico, mudanças climáticas e saúde pública na Amazônia, em um momento de intensas transformações no bioma.
Cella destaca que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém em 2025, representa uma oportunidade única para o Brasil mostrar ao mundo o potencial dos produtos da biodiversidade amazônica.