O Brasil vive a maior seca da história, e a estiagem, que afeta o País inteiro, é ainda pior na região Norte. Imagens do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) mostram o avanço da seca no País desde 2012. Os dados de 2024 são parciais, mas já indicam que esta é a seca mais extensa e severa do País. O baixo nível das águas dos rios da região, como o Madeira, o Purus e seus afluentes, que correm para o sudoeste do Amazonas, pode desencadear uma série de dificuldades logísticas, impactando desde a operação do Porto de Santos até o comércio exterior brasileiro. A estiagem reduz o nível dos rios, comprometendo a navegabilidade e, em muitos casos, interrompendo o transporte de grãos, minérios e produtos da Zona Franca de Manaus (ZFM), resultando em atrasos e aumento dos custos logísticos.
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Dentre os problemas mais críticos, destaca-se a interrupção da logística de transporte de mercadorias, especialmente via fluvial, obrigando as empresas a recorrer a modais mais caros, como rodovias e ferrovias.
“A indústria do Amazonas já estimou um sobrecusto de R$ 1,4 bilhão durante a seca histórica de 2023, e, para setembro de 2024, o mercado espera um aumento de 30% no custo do frete rodoviário e 20% na cabotagem. O impacto desse cenário pode ser sentido diretamente no preço final dos produtos, especialmente os fabricados na Zona Franca de Manaus, que podem sofrer um aumento de até 20%”, explica o diretor internacional da IBL World, Fernando Balbino.
De acordo com o executivo, esse aumento pode ser repassado ao preço final dos produtos exportados via Porto de Santos, reduzindo sua competitividade no mercado internacional. Para o mês de setembro, os armadores (profissionais que executam todos os procedimentos necessários para o transporte de cargas entre os portos) já decidiram aplicar uma taxa de seca de USD 5 mil por contêiner.
Com a redução da navegabilidade dos rios, o transporte rodoviário tem sido uma alternativa para mover a carga que antes era transportada por barcaças. Para minimizar os impactos, a IBL World — que pertence ao Grupo IBL e oferece serviços de transporte aéreo para cargas de todos os segmentos, principalmente nos setores farmacêutico, eletrônico e alimentício — adotou medidas específicas para garantir a continuidade das operações.
Reunindo as peças desse complexo quebra-cabeça logístico, a empresa conseguiu criar soluções para trazer cargas que originalmente deveriam chegar por navios. Com a interrupção das chegadas em Manaus, parte das cargas foi desviada para o Pará, ancorando em Barcarena, enquanto outra parte foi direcionada para o Ceará e Pernambuco. Diante dessa situação, a empresa, junto com seus parceiros, desenvolveu uma rota alternativa, combinando transporte rodoviário e fluvial para levar as cargas até Manaus.
“Antecipando-se às adversidades climáticas previstas, a IBL World investiu cerca de R$ 1 milhão na contratação de equipes especializadas, na aquisição de veículos, sistemas e adaptações para suas operações. A empresa também aposta em soluções de longo prazo, como o desenvolvimento de infraestruturas ferroviárias, incluindo a Ferrogrão, que visa reduzir a dependência dos modais fluviais”, acrescenta o diretor.
A empresa lançou um sistema híbrido de transporte entre os portos de Manaus e São Paulo, com um prazo de entrega de até oito dias. Além disso, implementou serviços de cabotagem nacional e internacional, proporcionando rotas alternativas para exportações e importações.
Desde que ingressou no mercado de exportação, em maio de 2023, a companhia localizada na cidade de Miami, nos Estados Unidos, e que chegou ao mercado com a proposta de abranger também as operações completas, como o serviço conhecido como door to door — expandiu sua área de atuação além do Amazonas, alcançando estados vizinhos como Rondônia e Pará.
Fonte: D24am.