Mundo – Em um marco histórico para a indústria automobilística, as gigantes japonesas Honda e Nissan confirmaram nesta segunda-feira (23) que estão em negociações avançadas para uma fusão. O anúncio, realizado em uma coletiva de imprensa conjunta em Tóquio, representa um passo significativo na reestruturação global do setor, pressionado pela ascensão das montadoras chinesas e pela liderança de empresas como Tesla e BYD. A potencial integração criaria o terceiro maior grupo automotivo do mundo em termos de vendas de veículos, atrás apenas da Toyota e da Volkswagen. Combinando recursos, expertise e mercados, a Honda e a Nissan projetam vendas anuais de 30 trilhões de ienes (cerca de US$ 190 bilhões) e um lucro operacional superior a 3 trilhões de ienes. A Mitsubishi Motors, cuja principal acionista é a Nissan, também considera unir-se ao grupo, o que elevaria as vendas globais do conglomerado para mais de 8 milhões de carros. Estratégias para Sobreviver em um Mercado Competitivo De acordo com Toshihiro Mibe, CEO da Honda, a fusão é essencial para enfrentar os desafios impostos pela evolução da indústria. “A ascensão das montadoras chinesas e novos participantes mudou significativamente o cenário global. Precisamos desenvolver capacidades robustas para competir até 2030, ou seremos superados”, declarou. As empresas planejam cooperar principalmente em áreas de eletrificação e desenvolvimento de software, setores cruciais para o futuro da mobilidade. A fusão também surge em um momento delicado para ambas as montadoras. A Honda e a Nissan enfrentam quedas acentuadas nas vendas na China, o maior mercado automotivo do mundo, devido à preferência crescente por veículos elétricos e híbridos produzidos localmente. Além disso, a Nissan anunciou recentemente planos para reduzir 9.000 empregos e cortar 20% de sua capacidade global de produção, enquanto a Honda reportou lucros abaixo do esperado. Cronograma Ambicioso para Concretizar a União As empresas estabeleceram um cronograma agressivo para concluir as negociações até junho de 2025, com a criação de uma holding planejada para agosto de 2026. Sob o acordo preliminar, a Honda será responsável por nomear a maior parte do conselho da nova entidade, que retiraria as ações das duas montadoras de suas respectivas listas. Desafios e Críticas Apesar das expectativas otimistas, a fusão enfrenta críticas. Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan, expressou ceticismo quanto ao sucesso da aliança, afirmando que as duas empresas não são complementares. Ghosn, que atualmente reside no Líbano após fugir de acusações de irregularidades financeiras no Japão, destacou que a história de cooperação entre montadoras nem sempre resulta em sinergias eficazes. A Renault, maior acionista da Nissan, também indicou abertura para examinar as implicações do acordo, enquanto a Foxconn, gigante taiwanesa do setor de tecnologia, recuou de uma abordagem para parcerias com a Nissan e a Renault. Repercussões no Mercado A notícia impulsionou as ações das três montadoras. A Honda registrou alta de 3,8%, enquanto a Nissan subiu 1,6% e a Mitsubishi Motors ganhou 5,3%. O índice Nikkei também fechou o dia em alta de 1,2%, refletindo a confiança do mercado na consolidação das empresas japonesas frente à concorrência global. Se concretizada, a fusão entre Honda e Nissan não apenas redesenhará o mapa da indústria automobilística, mas também testará os limites da cooperação entre rivais em um setor em transformação.
fonte:cm7