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Ex-funcionário da OpenAI, criadora do ChatGPT, é encontrado m0rto após denunciar que a inteligência artificial é um perigo para humanidade

Mundo – Em outubro, Suchir Balaji chamou a atenção ao se manifestar contra a OpenAI. Em uma entrevista ao jornal The New York Times, o jovem falou sobre como grandes empresas de inteligência artificial podem estar violando leis de direitos autorais. Os modelos da OpenAI, criadora do ChatGPT, são treinados com informações retiradas da internet. Balaji ajudou a coletar e organizar esses dados, mas passou em determinado momento a considerar a prática injusta. Ele se demitiu da empresa em agosto e, em novembro, foi apontado pelos advogados do The New York Times como alguém que poderia possuir “documentos únicos e relevantes” para o caso de violação de direitos autorais movido pelo jornal contra a OpenAI. “Se você acredita no que eu acredito, tem de simplesmente sair”, disse Balaji ao The New York Times. Em 26 de novembro, alguns dias após seu aniversário de 26 anos, o jovem engenheiro foi encontrado morto em seu apartamento, no que é considerado até agora pela polícia um caso de suicídio. Mas os pais dele acreditam que não. O Business Insider entrevistou a mãe de Balaji, Poornima Ramarao. Segundo ela, o engenheiro decidiu trabalhar na OpenAI por acreditar nos benefícios que a inteligência artificial poderia trazer. Ele adorava que os modelos fossem de código aberto. No entanto, à medida que a empresa se tornou mais orientada para o lucro e lançou o ChatGPT, essas esperanças desapareceram. Balaji passou a temer as consequências da IA para os editores e para a sociedade como um todo, disse Poornima Ramarao ao Business Insider. “Ele sentia que a IA era um perigo para a humanidade”, afirmou. Um porta-voz da OpenAI afirmou que Balaji foi um membro valioso da equipe e que sua morte impactou profundamente aqueles que trabalharam de perto com ele. “Ficamos devastados ao saber dessa trágica notícia e entramos em contato com a família de Suchir para oferecer todo o nosso apoio durante este momento difícil”, escreveu o porta-voz da OpenAI em um comunicado. “Nossa prioridade é continuar fazendo tudo o que pudermos para ajudá-los.” “Ficamos cientes de suas preocupações pela primeira vez quando o The New York Times publicou seus comentários, e não temos registro de qualquer interação posterior com ele”, acrescentou o porta-voz. “Respeitamos o direito dele, e de outros, de expressar suas opiniões livremente. Nossos corações estão com os entes queridos de Suchir, e estendemos nossas mais profundas condolências a todos os que estão de luto por sua perda.” Recrutamento Durante sua infância, o pai de Balaji acreditava que ele era “acima da média”, conta Ramarao. Mas ela achava que seu filho era um prodígio. Aos 2 anos de idade, ele já era capaz de formar frases complexas. Aos 11 anos, começou a aprender a programar usando Scratch, uma linguagem de programação voltada para crianças. Logo, já estava fazendo perguntas para sua mãe, que é engenheira de software, que ela mesma não sabia responder. Aos 13, ele construiu seu próprio computador. Aos 14, escreveu um artigo científico sobre design de chips. “Meu marido dizia: ‘Não exagere. Não pressione muito ele’”, conta Ramarao. Aos 17 anos, o popular fórum online de compartilhamento de conhecimento Quora o recrutou para trabalhar lá. Sua mãe era contra a ideia, por isso ele mentiu sobre ter se candidatado. Mas teve que contar a verdade no primeiro dia de trabalho porque ainda não sabia dirigir. Depois de trabalhar por cerca de um ano, ele foi para a University of California, Berkeley e ganhou US$100 mil em um desafio patrocinado pela TSA (agência de transporte dos EUA) para melhorar os algoritmos de triagem de passageiros do órgão. Depois, foi recrutado pela OpenAI. Começou na empresa em 2018 como estagiário, e foi contratado em em 2021, após se formar, segundo seu perfil no LinkedIn. Ao longo de quase quatro anos na OpenAI, Balaji se destacou e fez contribuições significativas para os métodos de treinamento e infraestrutura do ChatGPT, escreveu John Schulman, cofundador da OpenAI, em uma postagem nas redes sociais sobre Balaji. “Ele pensava nos detalhes de forma cuidadosa e rigorosa. E também tinha uma leve tendência a ser do contra, o que o tornava alérgico ao ‘pensamento de grupo’ e ansioso para descobrir onde o consenso estava errado,” disse Schulman na postagem. Schulman não respondeu a pedidos de comentário do Business Insider. Uma grande parte do trabalho de Balaji foi reunir dados digitais de todos os cantos da internet de língua inglesa para o GPT-4, um modelo que logo alimentaria o ChatGPT, de acordo com a entrevista concedida ao The New York Times. Balaji via isso como um projeto de pesquisa. Mas usar os dados de outras pessoas para pesquisa era uma coisa. Usá-los para criar um produto que poderia prejudicar a receita ou o tráfego de criadores de conteúdo era outra, ele escreveu. A OpenAI não comentou as preocupações de Balaji para o Business Insider. No tribunal, a empresa argumentou que a doutrina legal de “fair use” protege a forma como seus modelos utilizam o conteúdo disponível publicamente na internet. Desencanto Entre o final de 2023 e início de 2024, o entusiasmo de Balaji pela OpenAI desapareceu completamente, e ele começou a criticar o CEO Sam Altman em conversas com amigos e familiares, disse Ramarao ao Business Insider. Segundo ela, ele costumava contar quando estava trabalhando em “algo legal”, mas cada vez mais não tinha nada a dizer sobre seu trabalho. Quando ele se demitiu em agosto, Ramarao não o pressionou sobre o motivo. Quando Balaji deixou a OpenAI em agosto, decidiu ficar um tempo sem trabalhar. “Ele disse, ‘Não vou aceitar outro trabalho. Não me pergunte’”, afirmou Ramarao. Do ponto de vista dos pais de Balaji, tudo parecia bem com o jovem programador. Ele estava financeiramente estável, com ações da OpenAI suficientes para comprar uma casa algum dia. Tinha planos de fundar uma organização sem fins lucrativos voltada para aprendizado de máquina na área médica. “Ele queria fazer algo pela sociedade”, disse sua mãe. No dia 21 de novembro, Balaji comemorou seu 26º aniversário com amigos enquanto estava viajando. No dia seguinte, ele informou sua mãe quando seu voo de volta partiria e conversou com seu pai ao telefone antes do jantar. Segundo Ramarao, o legista determinou que Balaji faleceu naquela noite ou na manhã seguinte. A polícia a informou que Balaji havia cometido suicídio e que, com base nas imagens de câmeras de segurança do prédio, ele estava sozinho. Não havia evidências de qualquer crime no local, segundo os policiais. Mas os pais de Balaji não estão convencidos. Eles organizaram uma autópsia privada, que foi concluída no início de dezembro. Ramarao disse que os resultados foram atípicos, mas ela se recusou a compartilhar mais detalhes. O Business Insider não teve acesso a uma cópia do relatório. Agora os pais de Balaji estão trabalhando com um advogado para pressionar a polícia de São Francisco a reabrir o caso e realizar uma “investigação adequada”, disse Ramarao. Enquanto isso, eles estão tentando aumentar a conscientização sobre o caso por meio das redes sociais e de uma petição no Change.org. Além de buscar respostas, eles querem provocar uma discussão mais ampla sobre a vulnerabilidade dos denunciantes e a falta de proteções, afirmou Ramarao. “Queremos deixar a questão em aberto”, disse Ramarao. “Não parece uma situação normal.” O Business Insider enviou um e-mail detalhado para o departamento de polícia de São Francisco e para o escritório do médico legista com uma lista de perguntas sobre a morte de Balaji e as recordações de Ramarao sobre o dia 26 de novembro. Nenhum dos dois órgãos respondeu aos e-mails iniciais. Ramarao enfatiza que a família não está culpando a OpenAI. –

fonte:cm7

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