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Dia Internacional dos Povos Indígenas: uma celebração da Diversidade e um chamado por Justiça e Escolha

Brasil – Os territórios indígenas abrigam uma riqueza incomparável de biodiversidade. Com mais de 470 milhões de pessoas distribuídas em cerca de 90 países, os povos indígenas são protagonistas na preservação ambiental, um dos pilares do Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 9 de agosto, conforme instituído pela ONU. Em 2025, o tema “Povos indígenas e inteligência artificial: defender os direitos, moldar o futuro” destaca a relevância de seus saberes tradicionais para a conservação da biodiversidade e o combate às mudanças climáticas. A Luta pela Sobrevivência e Dignidade As lideranças indígenas, como Joziléia Kaingang, da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, alertam para os impactos devastadores da mineração ilegal, que contamina rios com mercúrio e ameaça a saúde de crianças e mulheres. Luzineth Pataxó, irmã da pajé Nega Pataxó, assassinada em 2024 em Potiraguá (BA), aponta o Marco Temporal como um retrocesso que intensifica a violência contra os povos indígenas. O relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) registrou 211 assassinatos de indígenas no último ano, incluindo casos brutais como as decapitações de Marcelo Ortiz e Everton Rodrigues, na terra indígena Yvy Okaju, no Paraná. Vilma Rios, liderança Ava-Guarani, sobrevivente de um ataque à sua aldeia, reforça a luta pela demarcação de territórios como essencial para a segurança e a continuidade de sua cultura. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou na sessão solene que discursos de ódio alimentam a violência nos territórios, com cinco casos recentes de decapitações. Essas denúncias reforçam a urgência de políticas públicas que respeitem os direitos indígenas e protejam suas vidas e territórios.O Direito ao Isolamento e à Integração VoluntáriaEnquanto a proteção dos povos indígenas isolados é um dos pilares do Dia Internacional dos Povos Indígenas, como exemplificado pelas comunidades Mashco Piro na Amazônia peruana, é igualmente crucial respeitar a escolha daqueles que desejam interagir com a sociedade não indígena. No Peru, os Mashco Piro, parte dos povos Piaci (em isolamento voluntário ou em primeiros contatos), enfrentam ameaças de madeireiros, garimpeiros e até influenciadores digitais que buscam “avistamentos” para viralizar nas redes sociais. A Federación Nativa del Río Madre de Dios y Afluentes (Fenamad) e a Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep) defendem o “direito à não intervenção”, mas o atraso na criação de reservas territoriais expõe essas comunidades a riscos sanitários e culturais.Por outro lado, tribos que optam por estabelecer contato com a sociedade moderna devem ter esse direito igualmente respeitado. Forçar o isolamento ou a integração contraria o princípio de autodeterminação, consagrado pelas Nações Unidas. No Brasil, povos como os Guarani, Kaingang e Pataxó demonstram, em suas mobilizações, a vontade de dialogar, influenciar políticas públicas e participar de debates globais, como o climático. Essa escolha não significa abandonar suas identidades, mas sim construir pontes com o mundo exterior em seus próprios termos, mantendo a soberania sobre suas culturas e territórios.Um Futuro de Respeito e CoexistênciaO tema de 2025, “Povos indígenas e inteligência artificial: defender os direitos, moldar o futuro”, destaca o papel dos povos originários na preservação da biodiversidade e no enfrentamento das mudanças climáticas. Seus saberes milenares oferecem lições valiosas para um mundo em crise ambiental. No entanto, a proteção de seus direitos exige um equilíbrio: garantir o isolamento voluntário para povos como os Mashco Piro, enquanto se assegura o direito de outros povos indígenas de se engajar com a sociedade, participando de espaços de decisão sem perder suas raízes.Respeitar essas escolhas é um ato de justiça. É reconhecer que os povos indígenas não são apenas guardiões da natureza, mas também protagonistas de seu próprio destino. O Dia Internacional dos Povos Indígenas é, acima de tudo, um convite à escuta e ao compromisso coletivo com um futuro onde a diversidade cultural e a coexistência sejam celebradas em harmonia. – 

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