EUA – A China está disposta “a fortalecer a comunicação, expandir a cooperação e superar diferenças com os Estados Unidos, conforme os princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação com ganhos para ambos os lados”, afirmou He Yongqian, porta-voz do Ministério de Comércio, nesta quinta-feira (7), um dia após a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA.
Trump e Xi Jinping durante encontro do G20, em Osaka, no Japão, em junho de 2019 (Foto:Shealah Craighead/The White House0
Em entrevista coletiva, o porta-voz disse ainda que Pequim deseja “conduzir conjuntamente o desenvolvimento das relações econômicas e comerciais entre China e EUA em uma direção estável saudável e sustentável, para melhor beneficiar ambos os países e também o mundo”, ao ser perguntado sobre como o ministério pretende a reagir a eventuais tarifas dos EUA a produtos chineses.
Durante a campanha eleitoral, Trump ameaçou impor tarifas de 60% a importações chinesas.
A fala de He Yongqian ocorre logo após o presidente da China, Xi Jinping, ter parabenizado Trump pela vitória, frisando que ambos os países precisam encontrar a “maneira correta” de conviver.
“A história demonstrou que China e EUA se beneficiam com a cooperação e sofrem com a confrontação”, afirmou. Segundo o mandatário, ambos “devem reforçar o diálogo e a comunicação, gerenciar adequadamente as diferenças, expandir a cooperação mutuamente benéfica e encontrar a maneira correta para que China e EUA se deem bem”.
No primeiro governo de Donald Trump, a relação entre os Estados Unidos e a China passou por um período de intensa tensão e disputa em diversas frentes.
A guerra comercial foi o principal ponto de atrito, com ambos os países impondo tarifas bilionárias sobre produtos importados, resultando em prejuízos econômicos para os dois lados e em impactos negativos para o comércio global.
Trump acusava frequentemente a China de práticas desleais, como a manipulação cambial e o roubo de propriedade intelectual, e adotou uma postura mais agressiva em relação ao déficit comercial dos EUA com o país asiático. Esse cenário foi marcado por negociações conturbadas e um clima de incerteza para mercados e empresas.
Huawei
Além das disputas comerciais, questões tecnológicas e de segurança nacional também aumentaram a rivalidade entre as duas potências de 2017 a 2021.
O governo Trump restringiu a atuação de empresas chinesas nos EUA, especialmente de gigantes como a Huawei, que se tornou um símbolo das disputas tecnológicas e geopolíticas entre os EUA e a China.
“A Huawei é uma grande preocupação das nossas forças armadas, das nossas agências de inteligência, e não estamos fazendo negócios com a Huawei”, disse o então presidente, em 2019.
Essa pressão envolvendo a empresa de telecomunicações durante a era Trump se estendeu, inclusive, para a gestão de Joe Biden.
Com base nas alegações de que a Huawei tinha vínculos estreitos com o governo chinês e poderia ser usada para espionagem, os EUA impuseram sanções à companhia chinesa e pressionaram seus aliados a não utilizarem seus equipamentos na implementação de redes 5G.
Com base nessas alegações, os EUA impuseram sanções rigorosas à Huawei, proibindo que empresas americanas fornecessem componentes essenciais, como semicondutores, para a produção de seus dispositivos.
Essa restrição afetou diretamente o acesso da Huawei a tecnologias avançadas, como o sistema Android — o Google cortou parte de suas relações comerciais com a Huawei após um decreto de Trump —, dificultando a competitividade de seus smartphones fora da China.
TikTok
Trump também foi para cima do TikTok, controlado pela empresa chinesa ByteDance. Segundo o republicano, dados de cidadãos americanos poderiam ser facilmente acessados pelo governo chinês, representando um risco à segurança nacional.
Em 2020, ele tentou banir a rede social, exigindo que a ByteDance vendesse suas operações americanas.
Mas foi somente Biden que assinou uma lei que proíbe o funcionamento do TikTok nos Estados Unidos se a operação da rede social não for vendida dentro de nove meses — prazo que acaba em 19 de janeiro de 2025, um dia antes da posse de Trump. Mais de 170 milhões de residentes nos EUA estão cadastrados na rede social.
Fonte: D24am.