Alterações climáticas podem tornar alguns lugares da Terra quentes demais para se viver, alerta um relatório da NASA, feito com dados de satélites. Entre cinco das regiões da Terra que se tornarão inabitáveis devido ao excesso de calor até 2070, estão algumas áreas do Centro-Oeste, do Nordeste, do Norte e do Sudeste do Brasil.
Nessa preocupante previsão, o conceito de habitabilidade é definido com base no contexto de “calor úmido mais extremo”, uma condição meteorológica caracterizada por altas temperaturas e altas taxas de umidade relativa do ar. Negligenciado até pouco tempo, esse tipo de clima torna-se perigoso porque, quando a umidade é elevada, a eficiência da evaporação do suor diminui, desregulando a temperatura corporal.
A preocupação se justifica: atualmente, o estresse por calor é uma das principais causas de mortes relacionadas ao clima no mundo. Um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) informou que, entre 2000 e 2019, o calor matou 489 mil pessoas por ano no mundo. Como esses números são subnotificados, acredita-se que pelo menos 14,6 milhões de pessoas possam ter morrido por ano de calor.
Quando o calor torna os lugares inabitáveis?
Higrômetro úmido e seco com termômetro de bulbo úmido.Fonte: Crossmr/Wikimedia Commons
Para o cientista Colin Raymond do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, principal autor de um estudo sobre calor e umidade muito severos para a tolerância humana, publicado na revista Science Advances em 2022, as medições de estresse por calor tornam-se às vezes meio subjetivas. Por isso, foi necessário adotar um índice que medisse a capacidade de os humanos dissiparem calor de forma eficiente.
Esse limiar, chamado de temperatura de bulbo úmido (TW) fixa em 35 °C o nosso limite fisiológico superior de tolerância. A medida mostra “o quão bem nossos corpos esfriam por meio do suor quando está quente e úmido, e nos diz se as condições podem ser prejudiciais à nossa saúde, ou até mesmo mortais”, diz um comunicado da NASA.
- Leia mais: 2023 foi o ano mais quente da história e cientistas buscam soluções para a crise climática
Atualmente, a temperatura de bulbo úmido é calculada usando medições de instrumentos eletrônicos em estações meteorológicas. No site da NASA, Raymond explica que a temperatura de bulbo úmido mais alta que um ser humano pode suportar, quando exposto aos elementos por pelo menos seis horas, é cerca de 35 °C.
Quais outras regiões se tornarão inabitáveis em 50 anos, segundo a NASA?
A temperatura de bulbo úmido era feita com um pano enrolado no bulbo de um termômetro.Fonte: METSUL Meteorologia/ Reprodução
Além das regiões brasileiras, nas quais derrubada de árvores e consumo irresponsável de recursos naturais tiveram grande impacto no aumento da temperatura ambiental, a NASA divulgou mais quatro zonas do planeta que podem se tornar “inabitáveis” num prazo máximo de 50 anos.
Uma das regiões mais densamente habitadas, o sul da Ásia, abriga uma população de bilhões de pessoas, e está propensa a atingir temperaturas de bulbo úmido superiores a 35 °C até 2070, um nível insuportável para a saúde, mesmo de pessoas saudáveis.
No caso do Golfo Pérsico e costa leste do Mar Vermelho, a situação é mais grave porque as temperaturas nessas regiões já estão muito elevadas e devem aumentar nas próximas décadas, o que pode adiantar a previsão já catastrófica da NASA. Finalmente, a China e o Sudeste Asiático, assim como pode ocorrer com o Brasil, estão dentro da “lista quente” da agência espacial americana, mas o prazo exato é ainda incerto.
Mantenha-se atualizado com os últimos estudo sobre os efeitos das mudanças climáticas no Brasil e no mundo aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite para saber também, porque os cientistas alertam para possível caos na Terra devido à atividade humana.
com informações:techmanundo
