Amazonas – A revolta do aprovados no concurso de Manacapuru só cresce. Nesta terça-feira (10), após tomarem ciência de um novo caso envolvendo ‘peixada’ e ‘privilégios’, desta vez para o procurador-geral do Município, a população protestou contra o que considera um flagrante desrespeito. Os manifestantes cobraram a homologação imediata do certame suspenso no início do ano, enquanto apontam que a desorganização e corrupção da gestão da prefeita Valciléia Maciel (MDB) é a responsável por favorecer aliados políticos e familiares com cargos de confiança, em detrimento dos aprovados. “A gente se esforça tanto, estuda, passa no concurso e aí ela [a prefeita] ignora tudo isso pra empregar a ‘panela’ dela. Isso é um desrespeito”, desabafou Melry Moraes, uma das candidatas aprovadas, durante a manifestação. A prefeita de Manacapuru parece adotar uma postura de resistência em relação à homologação do concurso público, gerando especulações de que a administração municipal torce para que o processo não vá adiante. Essa percepção é alimentada pela demora em avançar com as etapas do certame e pela falta de comunicação clara com os candidatos, que aguardam ansiosamente por definições. A indignação não é de agora. Em fevereiro de 2025, os aprovados foram até a Câmara Municipal de Manacapuru protestar com faixas, cartazes e gritos de ordem, e seguiram até a sede da prefeitura. Segundo eles, o silêncio da gestão diante das irregularidades apontadas no certame e a demora na sua regularização escancaram o desprezo da administração pela legalidade e pela transparência. Tocador de vídeo 00:00 00:52 Irregularidades e intervenção do MP O concurso público da Prefeitura de Manacapuru, que ofereceu 2.621 vagas para níveis médio e superior com salários de até R$ 4 mil, foi suspenso em dezembro de 2024 após o Ministério Público do Amazonas (MPAM) identificar uma série de falhas. Entre elas, estavam a não publicação dos espelhos dos cartões-resposta, inconsistências na classificação de candidatos e ausência de recursos em etapas como a avaliação psicológica. Em 9 de abril deste ano, a promotora Emiliana do Carmo Silva, da 3ª Promotoria de Justiça do município, convocou uma reunião com representantes da prefeitura, da banca organizadora (Instituto Merkabah) e comissões de aprovados, buscando garantir a legalidade do certame e preservar os direitos dos candidatos. Um acordo foi firmado para correção das pendências e continuidade do processo. Mas, até agora, a prefeitura não homologou o resultado final. Nepotismo e escândalos abalam confiança na gestão O descontentamento dos aprovados se intensifica diante das denúncias de nepotismo e favorecimento político na atual gestão. Valciléia Maciel, que assumiu a prefeitura em janeiro de 2025 prometendo uma gestão ética e renovadora, rapidamente nomeou parentes para cargos estratégicos. Entre os casos mais emblemáticos estão: O genro da prefeita, Ygor Rebouças, nomeado assessor jurídico no próprio gabinete. Sua sobrinha, Angélica Maciel Araújo, nomeada como ouvidora da Controladoria. Adriana Picanço Góes, ligada por afinidade à prefeita, nomeada diretora do fundo previdenciário do município (FUNPREVIM). Após denúncias do portal CM7 Brasil, Valciléia foi forçada a exonerar os familiares, mas a medida veio acompanhada de decretos retroativos e nenhuma explicação convincente à população. A suspeita de tentativa de encobrir as nomeações agravou ainda mais a crise de confiança. Não parou por aí. A Secretaria Municipal de Administração (SEMAD) virou alvo de críticas após a nomeação de Arnaldo Campos como subsecretário — figura ligada ao antigo grupo político de Beto D’Ângelo. Seus três filhos também foram nomeados para cargos comissionados dentro da mesma secretaria, incluindo Evelyn Melo Campos, que assina os atos oficiais publicados no Diário dos Municípios. “Procurador influencer” e conflitos de interesse Outra figura controversa é o procurador-geral do município, Christian Galvão da Silva. Denúncias publicadas pelo CM7 revelaram que ele cursa medicina em tempo integral, atua como professor de Direito e ainda mantém intensa atividade como influencer político nas redes — tudo isso enquanto ocupa um dos cargos mais estratégicos da administração pública. Além disso, Galvão teria garantido cargos públicos para sua mãe, ex-companheira e irmã. A denúncia aponta ainda que duas dessas mulheres seriam “funcionárias fantasmas”, recebendo salários sem exercer funções reais na prefeitura. Ao invés de responder com documentos ou esclarecimentos, Galvão reagiu com ataques pessoais à jornalista que denunciou o caso, ameaçando-a publicamente em vídeo.
fonte:cm7