O banco central americano, Federal Reserve (Fed), elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual nesta semana, para barrar a inflação mais intensa nos Estados Unidos desde a década de 1980. É o quarto aumento consecutivo desde março e o segundo de 0,75 ponto. A medida afeta os investimentos e o câmbio no Brasil, porque tende a levar a uma saída de investidores de países emergentes.
“Os Estados Unidos são um mercado considerado o mais seguro do mundo pelos investidores. Quando você tem um aumento da taxa básica de juros nos EUA, acontece uma migração de investidores de outros países emergentes no mundo, incluindo o Brasil, para aquele mercado”, afirma Hugo Garbe, professor do Mackenzie e economista-chefe da G11 Finance.
Investidores da Bolsa de Valores ou de renda fixa, por exemplo, deixam o mercado financeiro brasileiro e vão aplicar nos EUA. Além do fluxo de capital que atrai mais investimentos aos EUA, o dólar fica mais forte e, consequentemente, o real, mais fraco. “Esse é o primeiro ponto. Normalmente, você acaba tendo um movimento de maior aversão a risco global e tende a ter um real mais depreciado”, afirma Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
O real mais depreciado gera aumento da inflação no Brasil. Com isso, pode ser que o Banco Central tenha que subir mais a taxa básica de juros, a Selic.
O outro efeito é que, quando os bancos centrais do mundo inteiro sobem os juros, principalmente os Estados Unidos, a maior economia mundial, a tendência é ter uma desaceleração da atividade global. A queda da atividade global acaba desacelerando a economia brasileira, o que também afeta o consumidor no dia dia.
Nas últimas semanas, houve uma depreciação do câmbio, o que acaba influenciando a decisão do Banco Central, com a perspectiva de inflação. Nas próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai definir o novo patamar da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic.
“Para a reunião do Copom na semana que vem, a gente espera que o Banco Central suba 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros, que hoje está em 13,25%. E o aumento deve ocorrer também mais uma vez, na reunião de setembro, e, depois, deve parar de subir”, avalia a economista.
No dia a dia do consumidor, o efeito do real mais depreciado pode fazer com que os bens importados fiquem mais caros, e isso se reflete também na inflação.
“A projeção é que o dólar continue a se fortalecer e o real, a se depreciar tanto neste ano como no ano que vem. A alta de preços vai melhorar, vai ter uma alívio com as desonerações, queda do valor dos combustíveis e da energial elétrica. Mas a passos lentos.”
Fonte: D24am