Em uma decisão que chocou a cidade de Cerejeiras (RO), Vera Lúcia, de 45 anos, foi condenada a 34 anos e seis meses de prisão pelo assassinato do enteado Alfredo, de apenas dois anos. O crime, ocorrido em fevereiro de 2024, foi descrito como premeditado e cruel. A mulher foi sentenciada nesta quinta-feira (7) pelos crimes de homicídio doloso, com qualificadoras por motivo fútil e meio cruel, além de ocultação de cadáver. O caso foi agravado pela impossibilidade de defesa da vítima, que era uma criança menor de 14 anos.
Segundo as investigações, a madrasta agredia o menino frequentemente e, no dia do crime, levou Alfredo e a irmã dele até um sítio na zona rural de Cerejeiras. A irmã da vítima, que foi a principal testemunha de acusação, contou em depoimento que a madrasta pediu que ela buscasse limões, deixando Alfredo perto do poço. Quando a menina voltou, o irmão já não estava lá. Durante o julgamento, ela relatou que Vera Lúcia mantinha um comportamento abusivo, agredindo o garoto com frequência e repreendendo-o de forma violenta.
Dias após o desaparecimento da criança, a Polícia Civil intensificou as buscas, tratando o caso inicialmente como desaparecimento. No entanto, a situação se agravou com a descoberta do corpo de Alfredo em um poço de aproximadamente 10 metros de profundidade. O resgate, feito pelo Corpo de Bombeiros, revelou que o corpo já estava em estado avançado de decomposição, indicando que Alfredo estava no local havia vários dias. O exame tanatoscópico, realizado pelo Instituto Médico Legal (IML), confirmou que o menino foi jogado vivo no poço e morreu por afogamento, caracterizando o crime como asfixia mecânica por meio líquido.
A condenação de Vera Lúcia também considerou mensagens e ligações telefônicas que foram apresentadas pela acusação, nas quais a mulher teria insinuado a intenção de “tirar a vida da criança”. A frieza e a premeditação da ação reforçaram a condenação em regime fechado, na Cadeia Pública de Colorado do Oeste (RO), onde a ré iniciará o cumprimento da pena.
Durante o julgamento, a promotoria apresentou a rotina abusiva que a madrasta impunha aos enteados, especialmente na ausência do pai das crianças. Relatos de testemunhas confirmaram que Alfredo e a irmã eram frequentemente alvos de violência e maus-tratos. Segundo a menina, sua madrasta repreendia Alfredo constantemente, chamando-o de “teimoso” e agredindo-o especialmente na hora do banho. A acusação enfatizou o fato de que o crime foi meticulosamente planejado, e a ocultação do cadáver — com a madrasta tampando o poço após o assassinato — evidenciou a tentativa de esconder o crime.