Um jogo de videogame pode ter sido referência ao ataque com menções nazistas na Escola Municipal José Silvino Diniz, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Trata-se do jogo eletrônico “Bully”, onde os jogadores assumem o papel de Jimmy Hopkins, um “estudante endiabrado”, que foi expulso de todas as escolas por onde passou, e que busca “subir na escala social dessa instituição decadente”. Um perfil em uma rede social, com imagens do game e da escola, motivaram a suspeita. A Polícia ainda investiga a autoria do ataque.
O game, lançado empresa canadense pela Rockstar Vancouver, em 17 de outubro de 2006 para PlayStation 2, é ambientado na Bullworth Academy – uma escola preparatória corrupta e aos pedaços com falsa fama de ser ética. Durante as fases, o jogador “enfrentará valentões, será bode-expiatório de professores, irá pregar peças, ganhar ou perder a garota e finalmente aprender a superar os obstáculos da pior escola da área”. O objetivo é que os jogadores, que assumem o papel do estudante Jimmy, consigam sobreviver ao ano escolar e que consigam controlar a escola.
Para o psicólogo Amarílio Campos, que a cerca de 18 anos trabalha com o atendimento de adolescentes, não só os jogos eletrônicos, como qualquer outro material de comunicação, podem servir de influência para o comportamento de adolescentes, jovens e até mesmo de adultos. “O que acontece é que os adolescentes e os jovens estão com o cérebro ainda em fase de desenvolvimento, por isso estão mais expostos a essas sugestões, interferências”, aponta Campos. O especialista pondera que essas referências não são novidades e que acompanham a sociedade ao longo das décadas. Ele pontua, no entanto, que os autores possuem mais de um tipo de referência. “A gente pode fazer um histórico desses ataques. Isso não é de hoje. A gente pode pegar como exemplo o caso de Columbine, nos Estados Unidos”, exemplifica.
Campos reforça que a formação do indivíduo está associada a vários elementos e que esse comportamento não pode ser atribuído somente para um fator. “É um dos games que pode ter incentivado esse tipo de comportamento, mas não é só ele. A gente precisa lembrar que estamos bombardeados com o TikTok, vídeos e até mesmo outros games”, expõe.
O especialista alerta que, diante desse período de formação de adolescentes e jovens, é importante que os pais acompanhem seus filhos, principalmente no ambiente virtual. “Quando seu filho vai para uma festa, por exemplo, você pergunta que festa é, com quem ele vai, que horas volta. Na internet não tem isso, mas é importante saber”, aponta Amarilio Campos.
Ainda de acordo com o psicólogo, os pais precisam deixar a falsa sensação de que o ambiente doméstico é um local totalmente seguro. “O fato deles estarem dentro de casa, não pode ser motivo para achar que eles estão em segurança. Os maiores crimes acontecem nos lugares em que a gente menos espera. “O fato deles estarem dentro de casa não pode ser motivo para achar que eles estão em segurança. Os maiores crimes acontecem nos lugares em que a gente menos espera. A gente precisa enquanto pais monitorar o que os filhos fazem”, completa.
A reportagem de O TEMPO solicitou um posicionamento para a empresa responsável pelo jogo. A matéria será atualizada com a resposta. Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que instaurou procedimento investigativo para apurar os fatos. “A perícia oficial foi acionada para realizar os levantamentos de praxe que irão subsidiar a investigação, que tramita a cargo da 3ª Delegacia de Polícia Civil do município”, disse.
FONTE: O TEMPO