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O QUE ELEGE UM PRESIDENTE

Reta final da campanha eleitoral para o segundo turno das eleições, muitos programas, inserções, debates, corpo a corpo, mas no fim e ao cabo o que ambos os candidatos, os institutos de pesquisa, a justiça eleitoral e porque não dizer a população em geral quer saber mesmo é o que elege um Presidente.

Alexis de Tocqueville, o grande pensador liberal francês do século XIX, foi o precursor da ideia de que as pessoas se tornam mais exigentes conforme a situação prospera. Segundo ele, as revoluções ocorrem no momento em que as condições de vida melhoram e não quando pioram. Na medida em que há desenvolvimento, as pessoas se tornam mais insatisfeitas e inquietas, o descontentamento público aumenta e cresce o ódio contra as antigas instituições.

Quando não há melhorias, as pessoas aguentam com paciência a pobreza, como se fosse inevitável, mas se os indivíduos notam que não se trata de uma situação inexorável, logo surge a ideia de se livrar dela imediatamente. O ditado popular que expressa essa teoria da mudança e da insatisfação social é o conhecido: dá a mão, quer o braço.

O inverso também é verdadeiro. Quando a situação econômica é muito ruim, as pessoas se sentem fracas e desamparadas, são obrigadas a dedicar uma fatia ainda maior de seu tempo à sobre vivência familiar e individual.

Assim, durante as crises, qualquer pequena melhora é logo percebida e bem-avaliada. Um cenário de bonança aumenta a altura do patamar, em termos de exigências feitas aos governantes. Por outro lado, um cenário de ruína financeira e econômica diminui a altura do patamar, fazendo com que qualquer melhora seja bem-avaliada e atribuída ao Presidente de plantão.

Nicolau Maquiavel, em uma afirmação considerada hoje profundamente machista, disse que a fortuna era mulher e que, por isso, para alcançá-la era preciso ser firme e forte: “a sorte é mulher e, para dominá-la, é preciso bater-lhe e contrariá-la”. O filósofo florentino se referia às características que o líder precisava ter – virtù –  para enfrentar com sucesso o acaso ou tudo que estivesse fora de seu controle.

A fortuna é para Maquiavel tudo o que não depende da vontade humana, tal qual a opinião pública, as pesquisas eleitorais,  estão em regra fora do controle dos candidatos a presidente.

Considerar somente a opinião pública a protagonista de resultados eleitorais não é nada popular, pois bate de frente com a nossa psicologia do controle, por outro lado ignorar a importância da opinião pública para entender e explicar o resultado de uma eleição leva o senso comum a explicar a vitória de um candidato lembrando e valorizando a influência dos acontecimentos favoráveis e esquecendo completamente os desfavoráveis.

Instaura-se então um conflito entre a nossa necessidade de ter a sensação de controle e a nossa capacidade de reconhecer que existe aleatoriedade no mundo. É por isso que, frequentemente, consideramos ser habilidade aquilo que na verdade não passou de sorte, ou julgamos ser ato de genialidade algo que não foi mais que ação sem propósito definido.

A política por si só é algo de enorme complexidade: se passa em um ambiente no qual dezenas de variáveis com impacto decisivo sobre o humor da opinião e vontade dos eleitores estão inteiramente fora do controle dos protagonistas; depende de decisões dos adversários,da attitude de aliados e terceiros, do posicionamento das pesquisas, da exposição na mídia e redes sociais, das cobranças e anseios de cada um dos eleitores, sobre as quais nada pode ser feito.

Cada ano eleitoral há um clima que parece favorecer determinado candidato e que ele caminha para vencer quaisquer que venham a ser os microacontecimentos de cada campanha, contudo, mesmo com todas as predições e opiniões apontando determinado resultado, crê este articulista que o que elege um Presidente é a vontade soberana, livre e independente do povo.

Situações apontadas por Tocqueville e Maquiavel são importantes para melhor compreendermos o fenômeno politico e saber nos posicionarmos a respeito, contudo,nada substitui o fator vontade, em vista disto nas eleições que se aproximam (para aqueles Estados como o Amazonas em que também iremos escolher nosso Gorvernador), determinantes para o nosso futuro para os próximos quatro anos, fica a sugestão de pensarmos de maneira livre e consciente, sem esteios baseados em pesquisas (muitas com dados nada confiáveis) ou o sentimento do chamado “voto útil” para não “perder voto”, útil é e será sempre todo e qualquer voto feito com base na liberade de consciência do eleitor, isto sim elege um Presidente.

 

Anderson F. Fonseca. Professor de Direito Constitucional.                                           

Advogado. Especialista em Comércio Exterior e ZFM.                                                                         

IG: @anderson.f.fonseca

 

 

 

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